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Na comunicação de causas, o storytelling abre espaço para o storyfeeling

Fabiana Bernardino Pasquetto
Sócia fundadora na Tide Social | Apaixonada por comunicar causas

A gente sabe. Uma boa história sobrevive ao tempo, mas a comunicação de causas sempre se depara com o desafio de contar a mesma história, mais de uma vez, de diversas maneiras.

Ao criar a comunicação de uma marca, ou de um produto, espera-se foco e divulgação em benefícios e resultados, mas não só. Comunicar levando em consideração apenas os ativos do serviço ou do produto não convence mais.

É preciso humanizar e aproximar não só o que está sendo comunicado, mas quem está comunicando ao público. É nesse momento que o tal storytelling entra, essa técnica de narrativa ajuda a demonstrar os valores e atributos de uma marca também por meio das palavras. No entanto, em um mundo onde somos consumido por informações o tempo todo, ir além dessa prática tem se tornado cada vez mais necessário.

Hoje, mais do que criar uma narrativa envolvente, precisamos criar identificação. Tornar nossa linguagem cada vez mais próxima, empática e única. Em outras palavras, é preciso criar uma conexão emocional com o público-alvo. E isso não é só quando falamos em iniciativas de impacto positivo.

Em pesquisa recente com 500 pessoas de diferentes gêneros, na faixa etária entre 18 e 45 anos da cidade de São Paulo, 97% considerou que histórias reais são mais interessantes do que as fictícias, um sinal da importância da autenticidade em tempos de redes sociais, filtros e a busca por “padrões de perfeição”. Outros dados importantes também apareceram:

  • Para 77% dos entrevistados, o consumidor é quem melhor pode contar uma história de marca. 
  • Ao se deparar com uma boa história, 66,4% dos entrevistados começam a seguir a marca nas redes sociais, 63% compartilham esse conteúdo e 51,2% consideram adquirir um de seus produtos.

Ou seja, quando uma narrativa é eficaz, ela não traz somente resultados, ela inspira, motiva e conecta pessoas. 

Mas como se conectar com a história do outro? E fazer com que o outro se interesse por nossa história? Criando uma relação. Entendendo primeiramente as expectativas e demandas do seu interlocutor. Mais do que fatos e números, criar uma relação faz com que uma boa história seja lembrada por muito tempo, e repassada para outras pessoas. É aqui que entra o storyfeeling.

Costumo sempre destacar três pontos quando a ideia é buscar, inspirar e instigar essa aproximação com o público-alvo.

O primeiro deles, que citei acima, empatia. Já temos relação com nossa causa, organização ou projeto, falta, então, o principal: o público construir essa mesma conexão. Ao identificarmos quem queremos conquistar, é preciso despertar uma relação emocional com espectador e personagem, fazendo com que nossa narrativa comova o público com as mesmas questões que nos movem. Evitar um tom muito técnico, abrir para o diálogo e ampliar o olhar para a humanização de conteúdos, para além de textos, mas para toda comunicação é fundamental.

O segundo ponto é o contexto, é a partir dele que a empatia acontece. É necessário pensar sempre por qual motivo aquela história chamaria atenção. Estabelecer tempo e espaço nos ajuda a gerar identificação. Afinal, uma boa história cativa quando ela é contada para a pessoa certa. Definir com quem queremos nos conectar, e qual ação queremos do nosso interlocutor, faz com que nossa narrativa seja de sucesso, entre tantas outras espalhadas por aí. Lembre-se: falar igual com todo mundo é não falar com ninguém. 

Por fim, sabemos que histórias reais comovem, personificam, geram empatia e aproximação. Contar a história de alguém, de uma pessoa, toca muito mais do que falar só de uma marca ou projeto. Essa busca por equilíbrio entre conteúdos mais institucionais e conteúdos mais humanizados e personificados é uma dica valiosa. Por isso, hoje, sabemos que uma boa história não acaba quando termina. Ela gera impacto e transformação.