O que aprendemos com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB)
No último mês, a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) levantou uma importante questão sobre os pilares do ESG. O banco com sede nos Estados Unidos foi fundado nos anos 1980 e atuava como um dos principais financiadores de empresas de tecnologias ligadas a projetos de enfrentamento da crise climática.
Entre os mais ativos em promover a agenda ESG, o foco do Silicon Valley Bank foi depositado em dois principais pilares, sustentabilidade e pautas sociais, e reforçou a tese de que boas práticas ambientais e sociais não se sustentam sozinhas quando não há boa Governança, o G da questão.
Práticas frágeis, como a falta de políticas e códigos de condutas ou mensuração e gestão de risco, é uma receita clara do que não se deve fazer em se tratando de negócio bancário. E foi exatamente essa falha que impulsionou a derrocada do SVB.
Embora a importância do “E” (ambiental) e do “S” (social) seja amplamente reconhecida na agenda ESG, o “G”, por muitas vezes, é subestimado, o que se torna um erro a ser percebido no futuro. Afinal, a governança deve ser a base para um conjunto de práticas e processos que visam garantir a transparência, a ética, a prestação de contas e a responsabilidade das empresas perante seus stakeholders. Medidas adotadas a partir desses princípios é que fazem nascer espaços para uma política que envolva desde diversidade à criação de órgãos de gestão e de programas de Compliance.
E o foco do ESG não deveria ser só “nascer”, mas “persistir” e “crescer” dentro das empresas. Para isso, a governança é fundamental.
Empresas que ainda não enxergam o ESG de maneira ampla, se esquecem que a visão de sustentabilidade está cada vez mais atrelada ao desejo do consumidor final, que segue exigente em suas escolhas.
Pesquisa realizada pela Opinion Box no último ano mostra que 67% dos consumidores brasileiros possuem o hábito de procurar sobre práticas ESG de uma empresa antes de adquirir seu produto.
Já quando se fala em liderança é importante perceber que ainda há um longo caminho de preparação para que todas as letras do ESG sejam aplicadas de ponta a ponta. Números divulgados pelo Google, em pesquisa recente, mostra que 62% dos executivos brasileiros reconhecem que uma liderança forte é essencial para que as organizações avancem em práticas internas de sustentabilidade. No entanto, deste número, 45% afirmam que não têm acesso ao talento ideal para auxiliá-los na implementação.
É preciso ressignificar a forma como as práticas ESG estão sendo vistas pelas empresas e se, de fato, as ações estão horizontalizadas em todo o negócio.
Considerar o impacto positivo do ESG, é muito mais do que “diferenciador” estratégico e, sim, uma necessidade que agrega valor não só às organizações, mas também ao meio ambiente e à sociedade.
E C-levels têm papel fundamental aqui. Enquanto o ESG for visto como “parte” do negócio, seguiremos tentando responder uma pergunta que o Fabio Alperowitch, CFA fez no 12º Congresso GIFE: “Se todo mundo é ESG, então quem está fazendo todo esse mal?”.
Concordo com ele, não faltam investimentos, falta ambição.