O Brasil possui mais de 13 mil comunidades que abrigam mais de 27 milhões de pessoas, uma população bem maior que a de muitas cidades brasileiras juntas.
Com a pandemia que se arrasta a mais de um ano, essa população tem aumentado e, com ela, a pobreza, o desemprego, a informalidade, além das mortes causadas pela Covid-19 que atingem os mais vulneráveis em cheio.
O cenário é desolador e precisaremos de anos para mudá-lo a fim de retomar o crescimento econômico, a diminuição das desigualdades sociais e a melhoria da qualidade de vida de todos. Mas, lamentações não levam a mudanças. É preciso começar a lançar agora as sementes dessas transformações e um dos terrenos férteis para plantá-las são as favelas. Por quê? Porque a resiliência, a criatividade, a mobilização coletiva, a motivação, o desejo de vencer desafios são sentimentos que povoam o inconsciente coletivo de quem vive na quebrada. Se somarmos tudo isso a novas oportunidades, esse jardim pode florescer.
Quer mais evidências? Uma pesquisa recente realizada pela Outdoor Social Inteligência e o G10 Favelas (2021) mapeou dados interessantes que sustentam essa ideia. Por exemplo, dentre os entrevistados pela pesquisa, moradores das dez maiores favelas do País, 43% perderam o emprego na pandemia, sendo que 43,8% desse grupo começaram a empreender nas suas comunidades, 19,3% são microempreendedores, 80,7% trabalham na informalidade e 85,9% pretendem continuar com seus negócios na pós-pandemia.
Uma parcela dos entrevistados acredita que se tivesse acesso a cursos profissionalizantes ou sobre gestão e empreendedorismo poderiam tornar os seus negócios mais lucrativos. Nós não temos dúvidas disto!
Pois é aí que a sua marca entra. Olhar para o potencial das favelas e dos que nela vivem pode ser o “pulo do gato” para mudar o que é preciso. Unir-se a organizações sociais e coletivos locais é outra estratégia que tende a fortalecer qualquer ação que sua empresa decida realizar na comunidade, como:
- Cursos de capacitação técnica (gastronomia, estética, pequenos reparos, hidráulica, fotografia etc.)
- Mentorias para jovens (elaborar projetos que gerem negócio de impacto e contribuam ao desenvolvimento local)
- Cursos de alfabetização para crianças, adultos e idosos
- Aulas de inglês, de TI…
O céu é o limite. Sua empresa, associada a instituições do território, tem tudo para preparar as pessoas a vencerem os desafios destes tempos. Tem tudo, também, para, depois de capacitá-las, absorvê-las em suas equipes para que trabalhem em uma filial da sua empresa, próxima à comunidade, ou remotamente, já que a versão home office veio para ficar.
Sua iniciativa trará progresso local, além de responder a várias pautas da agenda ESG (Environmental, Social and Governance), especialmente no que diz respeito ao “S”. Ou seja, muitos ganhos para muita gente em uma única ação.
Como disse Edu Lyra, na entrevista concedida à Folha de S. Paulo, fundador da organização Gerando Falcões, com quem aprendo muito, “temos de trabalhar para que a favela vire peça de museu”, dando condições para que, quem vive nela, seja protagonista de outra história, sem pobreza e injustiças.
Sobre o empreendedorismo local
A pesquisa também mapeou os empreendimentos nas favelas: 45% deles existem a menos de 5 anos e 24% estão lá, firmes e fortes, há mais de 10 anos, sendo a maioria da área de alimentação, seguido por beleza e saúde (21%), abastecimento (mercado, mercadinho), com 16%, roupas e serviços gerais (15% e 14%, respectivamente).
Todos perderam parte do faturamento, entre 2020 e 2021, mas alguns conseguiram recuperar uma parcela dos lucros ou se manter ativos graças ao uso das redes sociais e aplicativos de entrega. Outros se reinventaram e, hoje, faturam mais do que no antigo emprego. Mais uma vez criatividade e adaptação dando show nas favelas!
Essa vitrine indica alguns caminhos interessantes que a sua empresa pode trilhar para fortalecer a potência das comunidades, fomentar a sua marca e capitalizar resultados para o seu negócio. Veja este exemplo:
- Identificar na comunidade empreendimentos que tenham relação com o seu negócio. Por exemplo: a empresa fabrica produtos de beleza. Mapear salões e profissionais de estética;
- Disponibilizar seus produtos por via direta ou por um intermediário da própria comunidade a preços mais acessíveis.
- Apoiar a divulgação dos serviços desses empreendimentos, com orientações sobre marketing nas redes sociais, linkando-os aos seus produtos.
- Incorporar esses estabelecimentos e pessoas à sua cadeia produtiva, envolvendo-os em eventos, cursos e demais ações que promovam a marca e desenvolvam os profissionais locais
- Realizar ações de marketing direto com as populações que utilizam os serviços desses novos parceiros de negócios
Que tal mais esta ajuda para começar? Separamos projetos incríveis, super consolidados, para você saber mais sobre a causa e se inspirar:
Ideias, estratégias e parcerias não faltam para você contribuir à retomada geral, com foco nos que mais precisam e que fazem a diferença nas estatísticas de desenvolvimento social e econômico do País. Se, como nós, acredita no potencial que a sua marca tem para transformar essa realidade, esta é a hora de lançar a sua semente!