Todas as causas sociais são justas quando se dedicam a melhorar a vida das pessoas e do ambiente onde vivem. No entanto, causas são cíclicas e, por questões de contexto e momento histórico, algumas se tornam prioritárias, porque afetam diretamente a sustentabilidade de toda a sociedade. É o caso da juventude: nunca tivemos um contingente tão grande de jovens como o da atualidade. São 33 milhões de indivíduos (15 a 24 anos) que representam mais de 17% da população do país (IBGE, 2020).
O alerta, no entanto, é que não estamos aproveitando esse bônus demográfico inédito para otimizar nosso crescimento social e econômico como nação. Em 20 anos, a população brasileira terá envelhecido, por conta da inversão da pirâmide etária (Projeções da População do Brasil, 2010-2060, IBGE). Sem oportunidades qualificadas de desenvolvimento pessoal e profissional hoje, o que vai acontecer no futuro com os 23% de jovens brasileiros que estão sem estudo e sem trabalho? (Pnad, IBGE, 2020).
Uma educação que faça sentido
No que diz respeito à educação formal, em 2021 o Novo Ensino Médio começou a ser adotado pelas redes estaduais de educação. Considerado o gargalo do ensino básico, essa fase da formação escolar, até então, não dialogava com as realidades dos estudantes, seja pela grade de disciplinas, com conteúdos desmotivantes e desconectados aos sonhos de presente e futuro das novas gerações, seja pelas didáticas pouco atraentes nas salas de aula ou, ainda, por realidades excludentes, como falta de recursos para ir e vir, necessidade de trabalhar para autossustento, dentre outros desafios enfrentados pelos jovens. Resultado: abandono e evasão (6,1% do total de jovens em 2019, segundo Pnad) e repetência. Consequentemente, falta de mão de obra qualificada.
O Novo Ensino Médio é um grande avanço, mas ainda precisa sair do papel para virar realidade no cotidiano das escolas e na aprendizagem dos estudantes. Além disso, diante de novos obstáculos impostos pela pandemia, está claro que os jovens precisarão de outros apoios para que os dados anteriores não se distanciem, ainda mais, do mundo ideal que buscamos.
Trabalhar para ter experiência ou ter experiência para trabalhar?
Quando o assunto é mercado profissional, as perspectivas também são preocupantes. Entre os jovens brasileiros de 18 a 24 anos, a taxa de desemprego ficou em 27,1% no primeiro trimestre de 2020, sendo que a média geral da população foi de 12,2% no mesmo período (Pnad, IBGE, 2020). Com a crise gerada pela pandemia, esses números tendem a aumentar.
Vários aspectos definem a escolha das empresas na hora de contratar. A questão mais comum, no entanto, permanece na velha dicotomia entre contratar um jovem sem experiência, que terá de ser capacitado, e um adulto com anos de carreira, sendo que ambos despendem os mesmos custos dos encargos sociais. A resposta até pode parecer simples para muitos, mas buscar o equilíbrio e a diversidade no ambiente de trabalho sem sempre é a escolha da maioria. Continuar desperdiçando as juventudes e dificultando o seu acesso ao emprego tendem a trazer consequências desastrosas à economia, comprometendo sua sustentabilidade.
Parcerias que colocam o jovem onde ele quer e deve estar
Existem experiências bem-sucedidas no terceiro setor que têm levado os jovens para dentro das empresas, não sem antes receberem orientação profissional, capacitação técnica e, mais do que isso, subsídios para desenvolver competências socioemocionais tão urgentes e perseguidas pelas empresas nos profissionais do futuro – e do presente!
Ou seja, além de atuarem com eficiência técnica em postos de trabalho, também desenvolvem habilidades essenciais para o desenvolvimento pessoal e coletivo, tão necessário à construção de ambientes corporativos saudáveis e de relações sociais efetivas, que fortalecem as equipes, as marcas e fomentam uma sociedade mais equitativa e inclusiva.
O Instituto Ser+, cliente da Tide Social, faz um trabalho bem interessante para mudar esse cenário. Eles atuam pela formação integral e empregabilidade dos jovens desde 2014 com soluções bem-sucedidas, oferecendo a jovens de 15 a 24 anos, em situação de vulnerabilidade social, orientações para que construam seus projetos de vida e protagonizem suas histórias. Com cursos formativos que tratam de temas atuais para fortalecer e complementar a educação formal, como diversidade, cidadania, tecnologia e liderança, mostra que esse investimento traz resultados. O Instituto que está entre as 100 melhores ONGs do Brasil, apresenta um alto índice de inserção dos jovens atendidos nos postos de trabalho (75%, desde 2014).
O empreendedorismo também é uma vertente importante da vida produtiva que tem tudo a ver com os jovens, ávidos por autonomia. Algumas organizações, como a Junior Achievement Brasil, oferecem cursos de capacitação aos futuros empreendedores, com temas voltados à gestão financeira e de recursos humanos, além de marketing empresarial. Também prepara os jovens para a criação de startups, ensinando-os a captar investidores, transformar uma ideia em negócio e construir modelos de negócios inovadores.
O que não faltam são iniciativas traduzidas em projetos sociais consolidados, de credibilidade, capazes de dar novos e promissores rumos à juventude brasileira. Olhar para essas experiências bem-sucedidas, analisar os resultados comprovados, estabelecer parcerias e trocas com as instituições é um ótimo ponto de partida.
Se a sua empresa vê o jovem como potência, criatividade, mudança, renovação, janela para o futuro, além de uma oportunidade para posicionar a sua marca dentre empresas que atuam por uma grande causa, então, temos muito para conversar!